segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Restrospectiva dezembro: "Cãofraternização"

Mês de dezembro. Mês de festas e comemorações com Natal, Reveillon, amigo-secreto, e festa de confraternização de empresas, etc; espírito natalino em geral. Para nós, aqui da empresa onde trabalho, apelidamos carinhosamente a festa de "Cãofraternização". Sabe como é...muita gente falsa, que não se bica o ano inteiro de repente resolve comemorar não sei o quê, e esquecer tudo o que se passou o ano todo, como se nada tivesse acontecido e todo o blábláblá que vocês conhecem.

Eu e meus colegas(somos praticamente uma família) fizemos um pacto de nunca comparecer a estas festas, fugindo delas como o diabo da cruz, o vampiro da luz, o Vingador do Tiamat e por aí vai, seguindo as famosas "regras"...tudo funcionando lindamente até a festa deste ano(2007). A direção prometeu cervejada e churrasco de graça pra todo mundo; o pessoal não resistiu e concordou em comparecer(até porque foi em horário de expediente, e dentro da empresa, ou seja, não tinha escapatória...).

Já que ia todo mundo, participei também. Não via Kaká há quase um mês naquele dia(21), me sentindo um verdadeiro trapo com tudo o que se passou, e resolvi ir à forra, literalmente.

O dia começou agitado, com um big café comunitário. Para variar, não comi muito, só o que estou acostumada pela manhã. Um bate-papo descontraído entre os colegas e combinei com umas meninas de jogar futebol na quadra, onde o pessoal já estava. Pus o meu "uniforme" (bermuda de ginástica e blusinha) e fui. Minhas colegas deram pra trás e não apareceu ninguém; só dava eu, além daquele bando de machos suados, fedidos e barrigudos jogando bola e fiquei ali assistindo, contrariada. Eita, joguinho ruim! Só perna-de-pau.

Um dos "perebas" do time (e meu chefe) , quase morrendo, não aguentou jogar mais e pediu para sair. O time estava perdendo e ia ficar desfalcado, já que ninguém quis entrar no lugar dele, todos cansados. E eu lá, na quadra assistindo...

-Ô, Nanny, tá faltando um aqui, entra no time!!
-Cê tá louco?!Vão me matar aí dentro!
-Não, meu! Tranquilo, entra aí!!

Sempre fui molecona e pra mim não tinha grilo nenhum. E lá vai a louca jogar bola, a única mulher do time. Um alongamento e aquecimento rápidos e entro em quadra. "Você sabe que isso vai dar merda, né??Você vai morrer aí dentro...", sussurou de novo Capitão Nascimento, e de novo não ouvi. "E daí??Quem vai ligar??Tomara que eu me arrebente mesmo, não tenho nada a perder!O que eu tinha já perdi...".

Não deu cinco minutos e já esqueceram que tinha uma mulher jogando bola na quadra. Foram boladas, cotoveladas, caneladas, trombadas e chutes do começo ao fim do jogo. Me enfezei e fui pra cima, batendo sem dó também em todo mundo que tentava tirar a bola do meu pé, e marquei o primeiro gol do time. Fui ovacionada por quem estava assistindo. Faltava pouco pra acabar o jogo, recebi a bola numa tabelinha e marquei outro...pronto!Virei lenda instantânea, a artilheira da partida(uma mulher!!!!) que marcou os dois gols do time; virei o jogo e ganhamos por 2 a 1. Foi engraçado, veio todo mundo pra cima de mim, tentando fazer "montinho", e eu fugindo da quadra. "Sai pra lá, tá todo mundo fedido!!!", às gargalhadas. Mas comemorei como o Maradona drogado, muito louca.

-HáHáHá!Precisamos jogar mais vezes, foi só o pereba sair que você ganhou o jogo!!Precisamos comemorar!!!

Pensa numa pessoa que não bebe de jeito nenhum. No máximo uma sidra no Natal e reveillon. Meu chefe comprou uma garrafa de vodka, por debaixo dos panos, só pra gente do departamento. Estreei a garrafa, com uma dose, de um gole só. Desceu queimando. Tomei outra.
No churrasco, me ofereceram cerveja. Não bebo, mas fui bicando o copo de um e de outro até resolver pegar uma lata só pra mim, e alternando com batida e vodka, uma atrás da outra...não preciso explicar como fiquei, né?Numa manguaça de dar dó, precisando me escorar em paredes, nos colegas, para não cair. Quando acabou a vodka, saí com um colega para comprar outra e continuar bebendo...se me oferecessem cocaína, maconha, eu ia me afundar em tudo o que viesse à minha frente, do jeito que eu estava, querendo acabar com a angústia que estava sentindo, de qualquer maneira, mesmo saabendo que não iria resolver.Bebi tanto que não me deixaram beber mais, e cheguei a um ponto em que tiveram de ficar comigo em uma sala, me vigiando, para não dar vexame, até o efeito canabrava passar. Caí umas duas vezes da cadeira, rindo, sem saber do quê, não me lembro, tendo que ser amparada. Uma vergonha. Ainda bem que meus colegas foram legais , e não deixaram que me afundasse ainda mais.

Minha onda rebordosa não tinha passado ainda, quando meu marido pediu para buscá-lo, de carro, que tinha chegado do trabalho. Fui daquele jeito, com a cara colada no volante, tentando não ziguezaguear tanto na pista.

-Minha nossa, o que aconteceu com você??
-Não foi nada...
-Você bebeu??
-Imagina, só um pouquinho...

Queria esquecer o que estava se passando comigo, o que eu tinha feito. Bebida nenhuma do mundo conseguiu.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

No olho do furacão

Voltei para casa atordoada. "-O que está acontecendo comigo?? Eu não sou assim!!! Não entendo..."

Minha racionalidade se foi...já não era mais a Nanny.

Não dormi esta noite. Dia seguinte, não me concentrava no trabalho. Tentava, mas não conseguia.

Sexta-feira, 16 de novembro de 2007. Não tive alternativa a não ser mandar-lhe um e-mail, algo como:

"Não devia te escrever este e-mail, e se faço isso é porque a minha razão se foi...
Resisti o quanto pude...mas agora não vou mais.

Esquece que eu escrevi essa besteira e apaga esta droga!

Ps.: Exibir a tatuagem foi...golpe baixo."

Fim da mensagem. Meu também. Agora o inferno começa a conspirar a favor de uma cadeia de eventos para me empurrar penhasco abaixo. Dei mais um passo nessa direção...

Na semana seguinte, última sessão de acupuntura. Fiquei tão envergonhada com a minha atitude que pensei seriamente em não ir. Pararia por aí, e fim de papo. "-Ela é uma moleca, ele deve estar pensando...que mico que paguei! Não quero nunca mais vê-lo!". Ledo engano.

Segunda-feira, dia 19. Não trabalhei neste dia. Feriado prolongado na cidade...voltaria apenas quinta-feira.

São 7:30hs da manhã, aproximadamente. Ainda estou deitada na cama, quando o meu celular toca:

-Alô?
-Alô? É a Nanny*?
-É...quem tá falando?!(não reconheci a voz ao telefone...)
-Sou eu...Kaká*!
-Quem?! -pulei da cama, de susto. Não esperava. Mesmo!
-Kaká!...recebi o seu e-mail (que apaguei imediatamente após enviar).
-Como conseguiu meu telefone(congelada, sem reação...)?!Putz...a ficha médica...esquece o que eu perguntei!
-É...você está no trabalho?
-Não...é feriado prolongado na cidade...volto apenas na quinta...
-Então eu te acordei?Desculpa, pensei que estivesse trabalhando...
-Imagina!Já estava acordada...
-Eu tava pensando...essa semana é a sua última sessão na clínica...tentei te ligar semana passada mas não consegui falar com você...sei lá...tomar alguma coisa...
-Não tenho registrada nenhuma ligação...?!
-Então...você não tá a fim de sair?!

Putz grila! Pensei...quer dizer...não pensei:

-Claro!(sua idiota!)
-Beleza, então! Te ligo depois para confirmar...Então tchau, minha linda! [!!!]
-Tchau...

Fiquei absorta...atônita... Mordi o celular. "Que que eu acabei de fazer!?". Entrei no olho do furacão...

O filósofo Capitão Nascimento, diria ao meu ouvido, como voz da minha consciência: "-Você sabe que isso vai dar merda, né??". Não o ouvi. Ele deveria ter me estapeado! Tarde demais. A esta altura do campeonato, já estava cega, surda, muda...burra e sem tato.

Conversamos por telefone ainda umas duas ou três vezes até ficar acertado que o encontraria na quarta-feira, no horário do almoço. Depois, seguiria para a academia e faculdade(que fica em outra cidade onde não era feriado), como sempre.

Quarta-feira, 21. Teste cardíaco. Kaká* provavelmente nunca vai saber desse meu esforço. Essa história dá um filme, com certeza. Não dormi a noite inteira, pra variar.

Tomo o meu café da manhã. Tomo não, engulo. Meu metabolismo queimou o que eu comi em segundos, ou então foi o ácido do estômago, que tava alto demais, tamanha a adrenalina. "Preciso malhar! Tenho que controlar essa ansiedade e canalizar isso de qualquer maneira!", pensei. "Nunca, na história desse país...", eu tinha pisado fora da faixa, em momento algum, com ninguém. Não sei o que é isso. Me arrumei pra ir para a academia, só que minha irmã não foi trabalhar nesse dia também, em outra cidade. A bendita resolveu passar mal.

-Meu, cê me leva no médico do convênio?
-Sem crise...é do lado da academia! Já tava indo pra lá mesmo...Vambora!

Começa a operação de guerra...

O marido liga, do escritório:

-Nanny?
-Oi!
-Cê vai no despachante pra mim, pagar o IPVA? Esqueci e agora vai ter que parcelar, porque atrasou... o documento tá aí...
-Puxa, meu!Tô levando a mana no médico, que não tá legal...
-Passa lá na volta...
-Mas tô sem talão de cheques, acabou as folhas do último...
-Imagina, tem uns três zerados(novos) na cômoda!
-Não tô achando não...("procurando") tem que fazer isso hoje mesmo? Não pode ser outro dia...
-Mas tem!!Tenho certeza!!
-Puxa, vou ter que ir até o banco pegar folha avulsa de cheque, só pra isso??E como fica a facul...
-Mas você não está em casa, O DIA INTEIRO HOJE??Por favor...

Nessa hora, ouvir isso caiu como uma bigorna na minha cabeça. "Que que eu tô fazendo?!Vale realmente a pena o esforço?!". Naquele momento, para a minha cabecinha oca, valia.

-Tá bom, tá bom! Vou ver o que posso fazer...

Desliguei o telefone bufando, "p" da vida.

"Carácoles, e agora?!Justo hoje!!!". Tinha de me desdobrar e fazer tudo, para não cancelar o que combinei com Kaká. Era a minha única chance.

Levei a maninha no médico. Chegando lá na academia, malho desesperadamente. Como se minha vida dependesse disso. Puxei um ferro pesado mesmo, parecia um soldado treinando. Minha irmã voltou do médico e foi até a academia, com atestado em mãos. Ela tava com o resto do dia livre. Mal transpirei depois da musculação; senti como se tivesse feito apenas uma caminhadinha, com a mesma disposição para malhar o dia todo naquela bendita academia. Comprei crédito para o celular.

-Beleza, então. Bora pro carro!

Fui premeditando tudo o que eu faria de dentro do carro. "Bom, vou agora no despachante e vejo o que vai precisar, volto correndo pra casa, tomo banho, me arrumo o mais rápido possível, pego todos os documentos que preciso para pagar a p* do IPVA do carro e depois ligo pro Kaká, se precisar mudar o ponto de encontro na última hora. Não paro nem pra almoçar. Putz...não vai dar tempo...Tomara que dê tempo, tem que dar!". Foi o que fiz.

Em casa, bati todos os meus recordes de banho e arrumação, mas percebo que não vou conseguir resolver tudo no despachante e encontrar Kaká, deixando o carro em casa e voltando em seguida, a tempo. Não teve outro jeito:

-Mano Caçula, a moto tá aí?
-Tá...Por quê?
-Meu, preciso demais ir no despachante, pagar o IPVA que tá atrasado, e chegar cedo na facul que tenho prova hoje...quebra esse galho pra mim?
-Tudo bem, só que eu vou almoçar primeiro.
-Promete que não demora??
-Tá, tá bom!
-Rápido!
-TÁ BOM!!Meu, cê tá legal?
-Tô... tô sim... só tô com um pouco de pressa... quero resolver isso logo...

O mano Caçula demorou tempo suficiente para me enlouquecer e querer pendurar no lustre da sala, de raiva, mas me levou de moto no maldito despachante (que demorou outra "era" para me atender), e foi embora.

Kaká liga:

-Oi, tudo bem? Tô almoçando e já-já chego aí!
-Oi...então...precisei ir até o despachante para resolver uns problemas de última hora...talvez me atrase um pouquinho...
-Tudo bem! Te pego ali perto...

Ainda aguardando o miserável do despachante parcelar a droga do IPVA, eu tá estava espumando de raiva, sem querer me atrasar, e Kaká liga de novo:

-Oi, sou eu! Já saí de casa, cadê você?
-Ainda tô no despachante, um pouco enrolada...mas ele já tá terminando e estou indo pra aí(onde combinamos)!
-Tá...até mais.

O despachante liberou o documento antigo (o novo eu pegaria uma semana depois lá mesmo), e disparei como um foguete sem nem mesmo dar tchau. Liguei pro Kaká avisando que já tinha saído, que tava chegando e avistei de longe o carro dele. Aproximei do carro, de óculos escuros, sem olhar pros lados. Abriu a porta e entrei direto.

-Tudo bem? (beijos no rosto)
-Tudo... (pálida como uma cera, tremendo dos pés à cabeça, tentando demonstrar controle...) tô tão nervosa! Nunca fiz isso!

Ele fez uma cara de "claro que sim, e eu sou o Batman, virgenzinha" e disparou logo de cara:

-Vou te levar num motel que eu conheço, tá?
-M-mo-t-tel?T-tá...

Motel. MOTEL??!.

"Claro, sua criança caipira e estúpida. Motel!Pra onde pensou que ele iria te levar, sua jeca? Comer pipoca no cinema? Tomar sorvete na pracinha, como quando você e seu único namorado, - hoje marido - faziam, levando o mano Caçula a tiracolo de vela??! Se liga..."

Minha inexperiência me descredenciava cogitar essa possibilidade. Mas fomos. Era um caminho sem volta. Agora sim, fiquei tensa de verdade...

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Comer, uma obrigação...

Adoro cozinhar. Detesto comer.

Preparo verdadeiras iguarias em casa, que todos adoram. Às vezes, meu irmão caçula me pede para preparar alguma coisa na casa da minha mãe, que, segundo ele, anda errando feio na mão na hora de fazer a comida, talvez porque agora ela se vê na obrigação de controlar o colesterol, hipertensão... Sempre vou, com o maior prazer, porque é algo que eu gosto de fazer: bolos, tortas, doces, assados diversos, estrogonoff, experiências com sabores e temperos na cozinha!

Um simples cachorro-quente, como o que eu fiz ontem(lembram da história??), gera congestionamento na cozinha: é um tal de entra-e-sai com mãe, avó, irmão, marido, cunhada, cachorro, tudo pra comer o danado do cachorro-quente...Só eu que não me animo muito pra comer. Encaro como uma verdadeira obrigação. "Come para o saco parar em pé", costuma dizer meu avô. Como socialmeente, se é que existe este termo, tal qual beber, ou então acabo de inventar.

Me sinto farta ao ver os outros comendo, quem quer que seja. Na verdade, me dá nojo...sei lá, o abrir e fechar de bocas cheias de comida, conversando, bebendo algo junto. É algo que me embola o estômago, fazer o quê?! Simplesmente sou assim. Procuro agir de maneira natural, sem demonstrar.

Facilmente pulo as refeições, durmo sem comer nada no horário do jantar, jejum de um dia inteiro não me é raro acontecer também. Quantas vezes não passei em branco a hora de almoçar, no trabalho, batendo pernas para passar o tempo, pensando na vida, "na morte da bezerra"??Se por acaso sinto que exagerei na comida (é involuntário, e mais forte do que eu), dou uma desculpa qualquer para ir ao banheiro e ponho tudo para fora, tantas vezes quantas achar necessário. Certa vez, no aniversário de uma priminha minha, cometi o disparate de vomitar por quatro vezes no mesmo dia (não mais que algumas horas...). Já fiz o uso de laxativos também. Parei por saber que faz mal, como se deixar de comer também não o fosse...é simplesmente angustiante. Minhas amigas devem morrer de inveja ao contar a elas que não engordei nadinha depois que eu casei, há mais de 2 anos (ele já engordou quase 10kg com as comidas que faço...), mal sabem elas o quanto isso me custa...

A malhação, a princípio, me abriu o apetite, e estava fazendo uns pequenos lanches antes e depois da academia, sempre com moderação, respeitando os horários das refeições. Mesmo assim e com toda a minha empolgação ao malhar, me desesperei ao subir na balança e perceber com o tempo uns 2kg a mais, que não diminuíam de jeito denhum. Perguntei ao personal trainner se isso era normal, e ele me veio com uma de que "a massa muscular adquirida pesa mais que a gordura, que você ganhou devido ao seu tônus muscular(blábláblá...)". Ele é profissional, e deve falar a verdade. Tenho 1,69m e peso atualmente 52,5/53kg. Dizem que já é abaixo do peso ideal, que eu não tenho tendência, que está ótimo assim, etc..essas balelas que não me convencem, não adianta insistir. Tenho pavor de engordar, desde que entrei na adolescência.

Nas refeições à mesa, em família, sempre dava um jeito de despejar o excesso da comida para o meu cachorro, ou levada o prato para "comer" no quarto. Passei uma semana inteira à base de alface e água, e desmaiei fazendo compras no supermercado com meus pais, sem que eles sequer desconfiassem. Minha mãe sempre foi muito gordinha, lutando contra a balança, com dietas intermináveis (todas quebradas), remédios prescritos, e cresci vendo isso até hoje, e de certa forma isso me afetou. Não queria aquela vida pra mim. Não aceito de jeito nenhum!!Quantas vezes não chorei diante do espelho, me achando gorda??Nunca contei pra ninguém, com a exceção de Kaká*, logo ele, meu amigo que me deu as costas...

Alegria, tristeza, nervosismo, ansiedade, auto-estima baixa, insegurança...qualquer motivo serve de desculpa para pular fora dessa obrigação. Me suporto...

e Ícaro voou perto demais do Sol...


Mulheres são românticas. E ponto. Em maior ou menor grau, mas são. Não importa o quão independentes sejam; modernas, antiquadas, feministas, inteligentes, idiotas, altas, baixas, gordas...TODAS somos. Infelizmente, sou mais do que o razoável (razão e romantismo não se bicam, definitivamente). Me achando muito amiga dele, além de paciente, já o tinha inserido como amigo no orkut e tudo. Eu me deixei embalar pelas suas palavras e atitudes, fui literalmente enfeitiçada...já não pensava em mais nada e não agia mais como eu mesma, com aquele bom senso que eu costumava ter; queria vê-lo, ouvir suas palavras, rir junto com o Kaká. Sem me dar conta, me apaixonei. Não queria, não pedi, não dei bola...e, como uma adolescente, me apaixonei. Assim como Ícaro, fantasiei que podia voar, e construí asas com a cera da minha imaginação, para chegar perto do Sol, e derreter, e cair, e morrer... O que eu podia fazer??Ele começou a me cantar, e eu já não raciocinava mais. Resisti o quanto pude, mas ele investiu pesado, insistentemente até conseguir o que queria...fazer de mim um pirão...uma paçoca...uma palhaça!!
Penúltima sessão...me atendeu normalmente, como o fez todas as outras vezes, com o bom-humor e a simpatia de sempre. Mas partiu para o tudo ou nada. Como de costume, lá estava eu, na maca, com a minha roupa de ginástica, pronta para a sessão-tortura. Ninguém merece! Para passar o tempo, conversando, ele me mostrou com orgulho uma tatuagem que possui nas costas. Permaneceu de pé, na porta, trancando e destrancando a fechadura com a chave, num barulho que martelou meu cérebro noite insone adentro...Pirei...inadvertidamente, tempos depois, um pingente da minha maldita lingerie apareceu para fora da bermuda quando me reposicionei na maca, para as outras agulhas. Ele arrumou...estava cheia de agulhas e nada pude fazer para evitar, a não ser virar o rosto quando ameaçou me beijar. Eu não podia!
Saí do consultório em frangalhos, procurando onde me escorar. Tarde demais...
Começou a minha ruína...

Depois que comecei a escrever...

Ontem dei um grande passo em direção à minha liberdade, com a iniciativa de escrever. Em compensação, pensar nas histórias que vou postar me deixaram mal, senti que mexi num vespeiro de emoções que eu tentei por muito tempo acalmar. Tenho problemas para me alimentar. Ainda vou escrever mais detalhadamente sobre o assunto, mas ontem depois do almoço, vomitei. Na hora do jantar, fiz cachorro-quente para todo mundo em casa, minha família adora a comida que faço, mas em seguida fui ao banheiro com a desculpa de tomar banho antes de dormir e vomitei de novo...Não dormi e passei a noite toda chorando...Procurei fazer um chá para me acalmar e dormir mas acabei não bebendo também. Se eu estivesse com um computador naquela hora, escreveria alucinadamente várias coisas ao mesmo tempo, como num filme. Tenho sofrido muito estes últimos meses. Muito disso tudo por causa dele...a última vez que o vi, esta semana (segunda-feira), foi muito diferente do que estava acostumada a vê-lo: friamente, de longe, uma conversa rápida, separados por uma catraca da estação de trem onde ficou de me encontrar, e deixar o presente de Natal atrasado que prometeu entregar (um livro de auto-ajuda), mal se despediu e me deixou ali, falando sozinha...morri mais um pouco esse dia.

Vou começar pelo começo...Fui à clínica de fisioterapia fazer as sessões para o joelho, dez ao todo, em meados de agosto. Era sempre muito puxado e cansativo, com um trabalho muscular muito forte, e alongamentos dolorosos, que mais pareciam ioga, e eu não estava acostumada a tanto.
Entusiasmada que estava, fiz em conjunto com a ginástica, com exercícios que o ortopedista me permitiu fazer, mas ainda sentia dores muito fortes no joelho direito. A médica responsável pela clínica me orientou então a fazer conjuntamente sessões de acupuntura, que o meu plano de saúde cobria, para minimizar as dores do tratamento, também em 10 sessões, que eu fiz primeiramente aos sábados, duas. Para ficar mais fácil conciliar o tratamento com a academia e fisioterapia, mudei para o meio da semana, às quintas-feiras, e depois seguia direto para a faculdade, sem problemas. Foi quando o conheci...

Uma figura muito simpática deu continuidade ao meu tratamento. Bonito, me lembrou o jogador de futebol Kaká, dispensando comentários sobre ele então. Criei uma empatia na hora por ele, sempre muito educado, solícito, gentil, fiquei muito à vontade. Ri por dentro, "ele deve ser gay, não existe mais ninguém assim"; mas não, era o jeito dele mesmo, e segui adiante com as sessões. Foi até engraçado: nas duas primeiras sessões, não tive a necessidade de tirar a blusa, pois os pontos de acupuntura eram no pescoço, nuca, braços e pernas. Fui pega de surpresa justamente naquele dia, quando precisei tirá-la para colocar agulhas nas costas. Eu estava com uma lingerie horrorosa, do tipo body (corpo inteiro) que não se mostra a ninguém, de cor caramelo-puta-que-o-pariu-sem-noção[!!!], porque eu, me achando "gorda", usava para apertar e colocava a roupa de ginástica por cima. "Ninguém vai ver mesmo!!", pensei. Demos risada ao mesmo tempo e eu sabia o motivo, com certeza. "-Prometo caprichar, da próxima vez!" disse, rindo da situação, desencanada. Iria com o tempo cair do cavalo.

Nas sessões seguintes(agora usando lingeries decentes), estabelecemos uma amizade muito bacana, pelo menos eu pensava ser assim. Conversávamos sobre tudo: amizades, futebol, faculdade, contava piadas, o meu tratamento...não percebi o quanto havia baixado a minha guarda. Logo eu, vacinada que sou (que eu era...)...Nutri por ele grande amizade, e de início realmente não passava disso. Não notei que com o tempo passamos a ser confidentes um do outro, contando histórias que não contaríamos a outras pessoas, por pura empatia, e aquilo me fez muito bem, tínhamos histórias parecidas e muitas coisas em comum: dois tranquilões de mesma idade, que não namoraram muito, de relacionamentos sempre muito duradouros, cada um sofreu uma grande decepção amorosa(contarei depois), e com divertidos "causos" a lembrar. Dei muitas risadas.

Sem perceber, com o tempo comecei a comentar sobre o meu casamento, o quanto gostávamos um do outro, as vantagens, desvantagens, problemas, alegrias, tristezas, tudo; ele, em contrapartida, sobre o seu atual namoro, os mesmos assuntos; falei sobre a irreparável perda de meu pai (conto depois) e outros temas dolorosos, que me aliviavam ao falar, pois não tinha com quem...parecíamos mais psicólogo um do outro e sentia que ele me entendia tão bem quanto eu mesma. Nos aconselhamos mutuamente "Mal posso esperar pela próxima sessão!", dizia para mim mesma.

Com o tempo, ele passou a me notar, me elogiar. "Nossa, como você está bonita hoje!"; "Que olhos lindos você tem!"; "Você cortou o cabelo?Ficou bonito!". Maldito ponto fraco meu, minha auto-estima. Passei a me arrumar mais; maquiagem, que eu dificilmente usava, passei a usar. Não repeti uma única lingerie o tratamento todo; se iria repetir, comprava uma nova e me senti mais bonita de novo. Há tempos eu não me via assim, e, involuntariamente, queria ser cada vez mais motivo para seus elogios a cada nova sessão.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Balanço de 2007

Resumão da minha vida no ano de 2007

Dá pra resumir bem até julho, quando não fiz muita coisa de diferente; acordar cedo, trabalhar, cuidar de casa, do meu cachorro, do meu marido, ir à faculdade, ir ao médico fazer meus check-ups normais (é melhor prevenir que remediar, levo este conselho do meu velho e querido pai à máxima), conversar com minha família, administrar e pagar dívidas - muitas!!!! passei mais da metade do ano tentando fazer isso; cartões de crédito, cheques emitidos, empréstimos parcelados, juros do cheque especial, etc.., etc. Ter me esforçado tanto tentando fazer isso me abateu um pouco, mas me senti bem pra caramba quando consegui e prometi a mim mesma nunca mais passar por isso de novo, é muito angustiante ficar pensando nisso...perdendo o sono.

De julho em diante, consigo respirar um pouco melhor financeiramente e prometi a mim mesma começar a me exercitar, havia percebido meses antes alguns estralos estranhos no meu joelho direito, que imediatamente associei à minha rotina muito sedentária, já que trabalho sentada a maior parte do tempo, e me inscrevi numa academia de ginástica, assim que entrei de férias do trabalho. Fiz tudo como manda o figurino: exame médico, exame físico, compra de tênis e roupas adequadas, etc. Passada a "malemolência" preguiçosa nas duas primeiras semanas, mais ou menos, o que acho ser normal pra quem estava há tanto tempo parada(minha primeira e última corrida foi a maratona Pão de Açúcar de Revezamento de 2002, em que corri com duas equipes dois percursos de 5km cada, com colegas de trabalho com quem treinava juntos, na raia da USP), comecei a me sentir melhor comigo e me empolguei, e peguei firme mesmo, mas com o cuidado de sempre: personal trainner vigilante, muito alongamento e aquecimento antes e após os exercícios. Deu tempo até de pegar uma praia, apesar de ser um mês tipicamente frio, o tempo ajudou e acampei alguns dias no litoral norte de sp, que eu amo.

Até meados de setembro, só melhoras para mim, tanto na auto-estima, quando fisicamente, me senti muito mais disposta para tudo, passei a me arrumar mais, até meu joelho melhorou. Tudo indo muito bem, obrigada, quando certo dia, na academia, numa aula de spinning (bicicleta), meu joelho estralou subitamente e começou a doer muito. Tive de parar a aula na hora e voltar para casa. No dia seguinte, as dores continuaram e me obrigaram a sair do trabalho mais cedo e procurar um ortopedista, tirei radiografias, etc...nada muito grave, segundo ele, mas teria de fazer fisioterapia para continuar me exercitando, e parar com as aulas de spinning. Tudo bem. Na mesma semana procurei uma clínica de fisioterapia para começar a fazer as 10 sessões que o médico me prescreveu.

Foi aí que tudo começou...e certamente será uma das partes em que mais empenharei tempo, escrevendo neste diário.

Porquê resolvi escrever este blog??

Como já relatei em meu perfil, para me sentir melhor e desabafar comigo mesma o que não contaria a minha melhor amiga...venho adiando há tempos a criação deste. Mas acho melhor escrever aqui, como num diário, do que pagar por sessões de psicologia-que já fiz, tempos atrás, tudo sem citar nomes para não ferir ninguém.
Aos poucos vou revelando traços da minha personalidade, tecendo um pouco da minha história até aqui. Mas o que me motivou mesmo, de fato a começar a escrever, foi a virada do ano-novo, sei lá...seres humanos precisam de marcos em suas vidas, e este é um meu.
O ano de 2007 não foi exatamente bom para mim, apesar de alguns momentos felizes. Me apaixonei desgraçadamente (desgraçadamente mesmo!), pela pessoa errada, por quem eu não deveria, confiei em quem eu não devia, me decepcionei demais e não tenho a quem contar, então venho desabafar aqui, pois não vejo outra maneira de fazer isso...