quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Comer, uma obrigação...

Adoro cozinhar. Detesto comer.

Preparo verdadeiras iguarias em casa, que todos adoram. Às vezes, meu irmão caçula me pede para preparar alguma coisa na casa da minha mãe, que, segundo ele, anda errando feio na mão na hora de fazer a comida, talvez porque agora ela se vê na obrigação de controlar o colesterol, hipertensão... Sempre vou, com o maior prazer, porque é algo que eu gosto de fazer: bolos, tortas, doces, assados diversos, estrogonoff, experiências com sabores e temperos na cozinha!

Um simples cachorro-quente, como o que eu fiz ontem(lembram da história??), gera congestionamento na cozinha: é um tal de entra-e-sai com mãe, avó, irmão, marido, cunhada, cachorro, tudo pra comer o danado do cachorro-quente...Só eu que não me animo muito pra comer. Encaro como uma verdadeira obrigação. "Come para o saco parar em pé", costuma dizer meu avô. Como socialmeente, se é que existe este termo, tal qual beber, ou então acabo de inventar.

Me sinto farta ao ver os outros comendo, quem quer que seja. Na verdade, me dá nojo...sei lá, o abrir e fechar de bocas cheias de comida, conversando, bebendo algo junto. É algo que me embola o estômago, fazer o quê?! Simplesmente sou assim. Procuro agir de maneira natural, sem demonstrar.

Facilmente pulo as refeições, durmo sem comer nada no horário do jantar, jejum de um dia inteiro não me é raro acontecer também. Quantas vezes não passei em branco a hora de almoçar, no trabalho, batendo pernas para passar o tempo, pensando na vida, "na morte da bezerra"??Se por acaso sinto que exagerei na comida (é involuntário, e mais forte do que eu), dou uma desculpa qualquer para ir ao banheiro e ponho tudo para fora, tantas vezes quantas achar necessário. Certa vez, no aniversário de uma priminha minha, cometi o disparate de vomitar por quatro vezes no mesmo dia (não mais que algumas horas...). Já fiz o uso de laxativos também. Parei por saber que faz mal, como se deixar de comer também não o fosse...é simplesmente angustiante. Minhas amigas devem morrer de inveja ao contar a elas que não engordei nadinha depois que eu casei, há mais de 2 anos (ele já engordou quase 10kg com as comidas que faço...), mal sabem elas o quanto isso me custa...

A malhação, a princípio, me abriu o apetite, e estava fazendo uns pequenos lanches antes e depois da academia, sempre com moderação, respeitando os horários das refeições. Mesmo assim e com toda a minha empolgação ao malhar, me desesperei ao subir na balança e perceber com o tempo uns 2kg a mais, que não diminuíam de jeito denhum. Perguntei ao personal trainner se isso era normal, e ele me veio com uma de que "a massa muscular adquirida pesa mais que a gordura, que você ganhou devido ao seu tônus muscular(blábláblá...)". Ele é profissional, e deve falar a verdade. Tenho 1,69m e peso atualmente 52,5/53kg. Dizem que já é abaixo do peso ideal, que eu não tenho tendência, que está ótimo assim, etc..essas balelas que não me convencem, não adianta insistir. Tenho pavor de engordar, desde que entrei na adolescência.

Nas refeições à mesa, em família, sempre dava um jeito de despejar o excesso da comida para o meu cachorro, ou levada o prato para "comer" no quarto. Passei uma semana inteira à base de alface e água, e desmaiei fazendo compras no supermercado com meus pais, sem que eles sequer desconfiassem. Minha mãe sempre foi muito gordinha, lutando contra a balança, com dietas intermináveis (todas quebradas), remédios prescritos, e cresci vendo isso até hoje, e de certa forma isso me afetou. Não queria aquela vida pra mim. Não aceito de jeito nenhum!!Quantas vezes não chorei diante do espelho, me achando gorda??Nunca contei pra ninguém, com a exceção de Kaká*, logo ele, meu amigo que me deu as costas...

Alegria, tristeza, nervosismo, ansiedade, auto-estima baixa, insegurança...qualquer motivo serve de desculpa para pular fora dessa obrigação. Me suporto...

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