segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Restrospectiva dezembro: "Cãofraternização"

Mês de dezembro. Mês de festas e comemorações com Natal, Reveillon, amigo-secreto, e festa de confraternização de empresas, etc; espírito natalino em geral. Para nós, aqui da empresa onde trabalho, apelidamos carinhosamente a festa de "Cãofraternização". Sabe como é...muita gente falsa, que não se bica o ano inteiro de repente resolve comemorar não sei o quê, e esquecer tudo o que se passou o ano todo, como se nada tivesse acontecido e todo o blábláblá que vocês conhecem.

Eu e meus colegas(somos praticamente uma família) fizemos um pacto de nunca comparecer a estas festas, fugindo delas como o diabo da cruz, o vampiro da luz, o Vingador do Tiamat e por aí vai, seguindo as famosas "regras"...tudo funcionando lindamente até a festa deste ano(2007). A direção prometeu cervejada e churrasco de graça pra todo mundo; o pessoal não resistiu e concordou em comparecer(até porque foi em horário de expediente, e dentro da empresa, ou seja, não tinha escapatória...).

Já que ia todo mundo, participei também. Não via Kaká há quase um mês naquele dia(21), me sentindo um verdadeiro trapo com tudo o que se passou, e resolvi ir à forra, literalmente.

O dia começou agitado, com um big café comunitário. Para variar, não comi muito, só o que estou acostumada pela manhã. Um bate-papo descontraído entre os colegas e combinei com umas meninas de jogar futebol na quadra, onde o pessoal já estava. Pus o meu "uniforme" (bermuda de ginástica e blusinha) e fui. Minhas colegas deram pra trás e não apareceu ninguém; só dava eu, além daquele bando de machos suados, fedidos e barrigudos jogando bola e fiquei ali assistindo, contrariada. Eita, joguinho ruim! Só perna-de-pau.

Um dos "perebas" do time (e meu chefe) , quase morrendo, não aguentou jogar mais e pediu para sair. O time estava perdendo e ia ficar desfalcado, já que ninguém quis entrar no lugar dele, todos cansados. E eu lá, na quadra assistindo...

-Ô, Nanny, tá faltando um aqui, entra no time!!
-Cê tá louco?!Vão me matar aí dentro!
-Não, meu! Tranquilo, entra aí!!

Sempre fui molecona e pra mim não tinha grilo nenhum. E lá vai a louca jogar bola, a única mulher do time. Um alongamento e aquecimento rápidos e entro em quadra. "Você sabe que isso vai dar merda, né??Você vai morrer aí dentro...", sussurou de novo Capitão Nascimento, e de novo não ouvi. "E daí??Quem vai ligar??Tomara que eu me arrebente mesmo, não tenho nada a perder!O que eu tinha já perdi...".

Não deu cinco minutos e já esqueceram que tinha uma mulher jogando bola na quadra. Foram boladas, cotoveladas, caneladas, trombadas e chutes do começo ao fim do jogo. Me enfezei e fui pra cima, batendo sem dó também em todo mundo que tentava tirar a bola do meu pé, e marquei o primeiro gol do time. Fui ovacionada por quem estava assistindo. Faltava pouco pra acabar o jogo, recebi a bola numa tabelinha e marquei outro...pronto!Virei lenda instantânea, a artilheira da partida(uma mulher!!!!) que marcou os dois gols do time; virei o jogo e ganhamos por 2 a 1. Foi engraçado, veio todo mundo pra cima de mim, tentando fazer "montinho", e eu fugindo da quadra. "Sai pra lá, tá todo mundo fedido!!!", às gargalhadas. Mas comemorei como o Maradona drogado, muito louca.

-HáHáHá!Precisamos jogar mais vezes, foi só o pereba sair que você ganhou o jogo!!Precisamos comemorar!!!

Pensa numa pessoa que não bebe de jeito nenhum. No máximo uma sidra no Natal e reveillon. Meu chefe comprou uma garrafa de vodka, por debaixo dos panos, só pra gente do departamento. Estreei a garrafa, com uma dose, de um gole só. Desceu queimando. Tomei outra.
No churrasco, me ofereceram cerveja. Não bebo, mas fui bicando o copo de um e de outro até resolver pegar uma lata só pra mim, e alternando com batida e vodka, uma atrás da outra...não preciso explicar como fiquei, né?Numa manguaça de dar dó, precisando me escorar em paredes, nos colegas, para não cair. Quando acabou a vodka, saí com um colega para comprar outra e continuar bebendo...se me oferecessem cocaína, maconha, eu ia me afundar em tudo o que viesse à minha frente, do jeito que eu estava, querendo acabar com a angústia que estava sentindo, de qualquer maneira, mesmo saabendo que não iria resolver.Bebi tanto que não me deixaram beber mais, e cheguei a um ponto em que tiveram de ficar comigo em uma sala, me vigiando, para não dar vexame, até o efeito canabrava passar. Caí umas duas vezes da cadeira, rindo, sem saber do quê, não me lembro, tendo que ser amparada. Uma vergonha. Ainda bem que meus colegas foram legais , e não deixaram que me afundasse ainda mais.

Minha onda rebordosa não tinha passado ainda, quando meu marido pediu para buscá-lo, de carro, que tinha chegado do trabalho. Fui daquele jeito, com a cara colada no volante, tentando não ziguezaguear tanto na pista.

-Minha nossa, o que aconteceu com você??
-Não foi nada...
-Você bebeu??
-Imagina, só um pouquinho...

Queria esquecer o que estava se passando comigo, o que eu tinha feito. Bebida nenhuma do mundo conseguiu.

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