quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Depois que comecei a escrever...

Ontem dei um grande passo em direção à minha liberdade, com a iniciativa de escrever. Em compensação, pensar nas histórias que vou postar me deixaram mal, senti que mexi num vespeiro de emoções que eu tentei por muito tempo acalmar. Tenho problemas para me alimentar. Ainda vou escrever mais detalhadamente sobre o assunto, mas ontem depois do almoço, vomitei. Na hora do jantar, fiz cachorro-quente para todo mundo em casa, minha família adora a comida que faço, mas em seguida fui ao banheiro com a desculpa de tomar banho antes de dormir e vomitei de novo...Não dormi e passei a noite toda chorando...Procurei fazer um chá para me acalmar e dormir mas acabei não bebendo também. Se eu estivesse com um computador naquela hora, escreveria alucinadamente várias coisas ao mesmo tempo, como num filme. Tenho sofrido muito estes últimos meses. Muito disso tudo por causa dele...a última vez que o vi, esta semana (segunda-feira), foi muito diferente do que estava acostumada a vê-lo: friamente, de longe, uma conversa rápida, separados por uma catraca da estação de trem onde ficou de me encontrar, e deixar o presente de Natal atrasado que prometeu entregar (um livro de auto-ajuda), mal se despediu e me deixou ali, falando sozinha...morri mais um pouco esse dia.

Vou começar pelo começo...Fui à clínica de fisioterapia fazer as sessões para o joelho, dez ao todo, em meados de agosto. Era sempre muito puxado e cansativo, com um trabalho muscular muito forte, e alongamentos dolorosos, que mais pareciam ioga, e eu não estava acostumada a tanto.
Entusiasmada que estava, fiz em conjunto com a ginástica, com exercícios que o ortopedista me permitiu fazer, mas ainda sentia dores muito fortes no joelho direito. A médica responsável pela clínica me orientou então a fazer conjuntamente sessões de acupuntura, que o meu plano de saúde cobria, para minimizar as dores do tratamento, também em 10 sessões, que eu fiz primeiramente aos sábados, duas. Para ficar mais fácil conciliar o tratamento com a academia e fisioterapia, mudei para o meio da semana, às quintas-feiras, e depois seguia direto para a faculdade, sem problemas. Foi quando o conheci...

Uma figura muito simpática deu continuidade ao meu tratamento. Bonito, me lembrou o jogador de futebol Kaká, dispensando comentários sobre ele então. Criei uma empatia na hora por ele, sempre muito educado, solícito, gentil, fiquei muito à vontade. Ri por dentro, "ele deve ser gay, não existe mais ninguém assim"; mas não, era o jeito dele mesmo, e segui adiante com as sessões. Foi até engraçado: nas duas primeiras sessões, não tive a necessidade de tirar a blusa, pois os pontos de acupuntura eram no pescoço, nuca, braços e pernas. Fui pega de surpresa justamente naquele dia, quando precisei tirá-la para colocar agulhas nas costas. Eu estava com uma lingerie horrorosa, do tipo body (corpo inteiro) que não se mostra a ninguém, de cor caramelo-puta-que-o-pariu-sem-noção[!!!], porque eu, me achando "gorda", usava para apertar e colocava a roupa de ginástica por cima. "Ninguém vai ver mesmo!!", pensei. Demos risada ao mesmo tempo e eu sabia o motivo, com certeza. "-Prometo caprichar, da próxima vez!" disse, rindo da situação, desencanada. Iria com o tempo cair do cavalo.

Nas sessões seguintes(agora usando lingeries decentes), estabelecemos uma amizade muito bacana, pelo menos eu pensava ser assim. Conversávamos sobre tudo: amizades, futebol, faculdade, contava piadas, o meu tratamento...não percebi o quanto havia baixado a minha guarda. Logo eu, vacinada que sou (que eu era...)...Nutri por ele grande amizade, e de início realmente não passava disso. Não notei que com o tempo passamos a ser confidentes um do outro, contando histórias que não contaríamos a outras pessoas, por pura empatia, e aquilo me fez muito bem, tínhamos histórias parecidas e muitas coisas em comum: dois tranquilões de mesma idade, que não namoraram muito, de relacionamentos sempre muito duradouros, cada um sofreu uma grande decepção amorosa(contarei depois), e com divertidos "causos" a lembrar. Dei muitas risadas.

Sem perceber, com o tempo comecei a comentar sobre o meu casamento, o quanto gostávamos um do outro, as vantagens, desvantagens, problemas, alegrias, tristezas, tudo; ele, em contrapartida, sobre o seu atual namoro, os mesmos assuntos; falei sobre a irreparável perda de meu pai (conto depois) e outros temas dolorosos, que me aliviavam ao falar, pois não tinha com quem...parecíamos mais psicólogo um do outro e sentia que ele me entendia tão bem quanto eu mesma. Nos aconselhamos mutuamente "Mal posso esperar pela próxima sessão!", dizia para mim mesma.

Com o tempo, ele passou a me notar, me elogiar. "Nossa, como você está bonita hoje!"; "Que olhos lindos você tem!"; "Você cortou o cabelo?Ficou bonito!". Maldito ponto fraco meu, minha auto-estima. Passei a me arrumar mais; maquiagem, que eu dificilmente usava, passei a usar. Não repeti uma única lingerie o tratamento todo; se iria repetir, comprava uma nova e me senti mais bonita de novo. Há tempos eu não me via assim, e, involuntariamente, queria ser cada vez mais motivo para seus elogios a cada nova sessão.

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